sexta-feira, 30 de outubro de 2009


Um dia descubro que me chamo Rapunzel e que o príncipe esteve sempre debaixo da minha cama.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009


Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Oswaldo Montenegro

terça-feira, 27 de outubro de 2009

très californication.*




*"Sempre que alguém passar por aqui apaixonar-me-ei,
seja por 5 minutos ou por uma vida inteira."
Hank Moody' style.



A Maria tem amigos. Não muitos. Tem bons amigos.
A Maria tem conhecidos. Tem muitos. Não se sabe se são bons ou maus. A Maria não os cataloga dessa forma.
A Maria tem pessoas na sua vida que apareceram um dia, partilharam estrelas, nuvens e asas de aviões. Continua a ter. Desembarcam longe ou perto e nem sempre desfazem as malas. Voam de novo. E a Maria fica a ver até os olhos perceberem que não podem olhar apenas para cima.
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"Quando nos conhecemos? Lembras-te como foi?"
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A Maria sabe. A Maria lembra-se. Já nem estranha quando lhe dizem "És a minha memória!". Foram tantas as vezes.
Um "Já não me lembro..." não risca a pele da Maria quando sente que o como e o quando são inúteis no que parece ser intemporal e desinteressado, contudo sincero.
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A Maria não julga, não critica, não interrompe. Ouve e perde-se nas histórias que lhe contam. E, por vezes, vê a sua história contada por outros, noutros tempos, com outras pessoas... Mas indubitavelmente sua!
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Confissões, desabafos, opiniões, comentários... A Maria absorve e fascina-se com a entrega de quem a embala. Desconhecida mas tão familiar... Quando quer, a Maria não vê falhas nem defeitos nem aterragens atribuladas mas antes pedaços de gente que um dia ficarão no passado por vontade própria.
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Sem esforço, a Maria recorda-se daquele sorriso que a faz sorrir, do simples e contínuo movimento de levar o dedo aos lábios, das expressões, do ar marcado e carente, da impossibilidade de estender os braços e deixar saber que sente tudo da mesma forma.
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A Maria é a Maria. Nunca seria apenas Maria.
A Maria sou eu, és tu, é ele, é ela, são todos os que a quiserem ser.
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"Um perfeito equilíbrio que atrai."
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Enquanto o dia nasce, enquanto a primeira luz transforma os olhos da Maria em pequenas manchas, a Maria despede-se o mais serenamente que consegue. Sem olhar para trás uma única vez, sob pena de nunca mais conseguir ir embora. Não lhe interessa o que vai fazer a seguir, apenas que não vai esquecer. E constrói-se uma história sem perto nem longe, sem escalas sem atrasos.
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E voa cá em baixo. E as asas do avião afastam-se...

"Como serão vistas de outra forma?"

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

exílio.


"Hoje é o 1152º dia do resto das nossas vidas...
Amar-te-ei!"
(23:27:03 Luanda)
gosto-te.
gosto tudo em ti.

domingo, 25 de outubro de 2009

subtil.#*


- (Quantas vezes pensei em mais uma vez!)
- (A beleza de certas coisas reside na possibilidade de...)
- O que é bom! (Ainda te desejo, sabias?)
(...)
- (E fomos tanto...)
- ("Não te apaixones por mim." Ainda me recordo.)
- (E cá estamos...)
- (É esse o segredo. Sabias desde o início.)
- (O segredo é não ter segredo algum! Desejo-te agora como te desejava.)
(...)
- (Miss you... Quase devoção!)
- (Why the ()? Backstage talk?)
- (Whispering... Reminds me of you...)
- (The shhhh?)
- (You ssshued me a lot.) Durmo agora.
- Sonha.
Sabe bem adormecer embalada por histórias assim...

detalhes.virtudes.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

amores perfeitos.


"Habituamo-nos a tratar os amores como electrodomésticos: quando se escangalham, vamos ao supermercado comprar um novo, igualzinho ao que o outro era. Consertar? Não compensa: o arranjo sai caro, além de que nunca se sabe muito bem onde procurar a peça que falta. Substituímos a eternidade pela repetição, e o mundo começou a tornar-se monótono como uma lição de solfejo. Tememos a maior das vertigens, que é a da duração."
Nas tuas mãos, Inês Pedrosa
Mas há amores fora das aspas e desprovidos de citações. Amores que são amizades cúmplices e paixões de cinema. Amores como o meu-dele-nosso. Amores que resistem ao outono e mantêm-se verdes.
Hoje apetece-me pensar em ti. E não consigo evitar um sorriso. Esquecer que a saudade está só no início e que o tempo é da equipa adversária.
"Esperas por mim?"
"Até ao fim do mundo."

domingo, 18 de outubro de 2009

retornada.

A Maria voltou mas voltou inconformada e com um nó no peito que não consegue (ainda!) soltar. Nó de marinheiro, cirúrgico ou aquele que se faz nos cordões do colega da carteira da frente quando está distraído.
E a Maria levantou-se e caiu... e deixou-se ficar mais perto do chão e mais longe de tudo.
Metade da Maria partiu e voou. Está longe. A outra metade afasta-se agora.