segunda-feira, 23 de novembro de 2009

talking bear in a dress.

Via msn Bélgica - Portugal...
E reza assim:
Ele - Ora olá...?
Ela - Olé.
Ele - Esses ossos?
Ela - No sítio. E as tuas cartilagens?
Ele - Encostadas a ossos, todas, acho eu... Eh eh eh eh.
Esses dentes alheios?
Ela - Feios, porcos e maus como sempre.
Ele - Que inveja... Eh eh eh.
(...)
Ele - Vou sair... Tomar banho e arranjar-me que vou ao teatro...
Ela - Chic...
...ken. Ahahahah.
Ele - Très chic. Ah ah ah ah.
Ela - Vai lá vai e chega cá cheio de manias que vês.
Ele - Vou arrasar com o meu vestido novo.
Ela - E os stilletos.
Ele - Vamos falando como temos falado... Que te parece?
Ela - Telepatia.
Ele - Viste? Resulta.
Ela - Bom teatro, urso. (um urso no camarote)
Ele - Comédia do Fellini.
Beijo num tornozelo.
Ela - Beijo no cotovelo.
Ele - Bebemos um copo à saída do teatro...
Ela - Dois... copos e beijos.
Ele - Tanto melhor.
Au revoir ma chérie.
Ela - Até sempre.

sábado, 21 de novembro de 2009

"?".


He - Exactly! You're just like "me" despite the lack of "beauty"!

extravaganza.

Ela - Para quando uma saída?
Ele - Num dia bom... E tu dizes "Um dia bom é qualquer dia!". E eu respondo "Pronto, é quando quiseres!".

E um dia bom é hoje.

sábado, 14 de novembro de 2009

fairy tale.


Ela - Eu e tu... Juntos para sempre?
Ele - Isso não será pouco tempo? Agora só me apetecia apagar-te a saudade do corpo...
And they lived happily ever after.

between ().


- (Vem! Quero ver-te! Quero roubar-te um beijo...)
(Apetece(s)-me. Vem.)
(...)
- (Shhhhhh.)
- Gosto de ti. Muito.
(Desejo-te tanto!)
- Como se nunca houvesse distância entre nós...
- E não! Para sempre! Fiz-te essa promessa.
- Fizeste?
- Não te lembras? Naquela noite.
- As promessas são cumpridas quando nos abandonam as recordações. Promete de novo para me relembrar...
- Todas as vezes que quiseres...
- Esta é uma vez. Quero agora.
- Tomarei sempre conta de ti... Sempre.
(...)
- Dizem-te saudoso. Que deixo marcas.
- E que marcas...
- Visíveis aos olhos dos outros ou apenas dos melancólicos?
- Não sei. (Mas desejo-te como na primeira vez que te vi.)
- Vi-te primeiro...
- (E ainda me desejas?)
- Invade-me uma ternura singular e a inversão de papéis em que me torno a protectora e não a protegida. E sinto-me bem. Percebes ou sou estranha?
- Percebo...
- E as brincadeiras, as conversas, os limites, tudo deixa de arranhar e de saber a mágoa no final porque está tudo bem. (Está tudo bem...)
- (Nunca te magoaria! Nunca!)
- (Os teus lábios na minha testa já me segredaram isso.)
- Durmo...
- Sonha. (Ainda não vás.)
(Para sempre... um pouco muito de ti...)
E o espelho tornou-se reflexo
e a voz ao ouvido que apetece guardar com um laço cobriu-se e dormiu.
Voltas amanhã?


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

hansel e gretel.*


Ele - Ovelha meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee.
Ela - Boi muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu.
..
.
* Versão "my brother and I
talking on the internet".

quinta-feira, 12 de novembro de 2009



E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

E escrevo e pairo fechada à chave por dentro para que o vento não me rasgue a alma.

Deposito-te um beijo no ponto de encontro dos nossos eus.
Durmo contigo nas mãos.
Durmo contigo sob a almofada que abraço.
Dorme também.
*#

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

sonhos de chuva-pele.


Nem sempre foi assim.
Nem sempre fui assim.
Ontem, quando dormi, não tinha este rosto de hoje quando toquei o chão frio. Assim triste, assim magro, assim oco. Nem estes olhos tão vazios. Nem esta boca azeda.
Ontem não tinha estes membros apáticos. Assim tão moles, flácidos e frios.
Ontem não era casa deste coração escondido.
Eu não me apercebi que mudei. Eu disse-te que não me ia aperceber. Eu fiquei no ontem, no passeio da rua, em frente ao senhor da fruta e sem me preocupar se vinha alguém que quisesse passar. Eu fiquei ali, no chão, a ver a rua, a ver os carros. A ver o teu carro... A ver-te... Até te perder de vista.
Eu fiquei ali ao sol, ao frio, à chuva, ao vento.
Eu fiquei ali.

Uma vez por semana passo por mim. Ainda lá estou.
Lembro-me do sol e dos sorrisos, da vontade que amanheça depressa para sentir tudo de novo e ainda mais.
E finjo que está tudo bem.

Olhas para mim que não sou eu e só tu sabes.
Ali onde estou, na rua onde os nossos olhares se encontram até voltares, é noite.
As pessoas não imaginam porque estou ali. São tão ridículas as pessoas, tão inertes. As pessoas passam, falam e não imaginam. E nós olhamo-nos. E prendo os meus olhos com lágrimas soltas e deixo-te ir com tempestades de medo nos lábios a sorrir. Deixo porque tens de ir. Deixo porque não quero.
No abrigo do nós soubeste ser o vento na minha camisola. E eu despi-a para ti, a dar-te um coração que era o resto da vida.
E os outros amam o que é fácil...
E não sei como sentir.
A minha vida é um lençol branco que se soltou com o vendaval. Não sei por onde vou. Não sei para onde vou. Sei que não vou por aí. Fico ali, por enquanto, até ver de que cor fiquei.
E ali resgato o brilho dos olhos... Ali fujo dos conselhos sensatos.
"Porque a noite é um poema que conheço de cor e vou cantar-to até adormeceres."
Um pouco mais de sol.
Um pouco mais de azul.
Dorme azul. Sonha bem.
E fico no mundo sem ser do mundo porque o meu mundo está longe.

nice to meet you.



Tinham passado um dia e uma noite inteiros nus, juntos, e durante a maior parte desse tempo não mais do que alguns centímetros afastados.
Desde bebé que ninguém, além dele próprio, tivera tanto tempo para examinar como era feito. Como não havia no longo e pálido corpo dela nada que ele não tivesse observado, nada que ela tivesse ocultado e nada que ele não conseguisse recordar agora com uma percepção de pintor, com o conhecimento estético meticuloso e excitado de um amante, e como passara o dia inteiro não menos estimulado pela presença dela nas suas narinas do que pelas suas pernas abertas nos olhos da sua mente, a conclusão lógica era que não podia haver no corpo dele nada que ela não tivesse absorvido microscopicamente, nada naquela extensa superfície onde estava gravada a sua singularidade evolutiva auto-adoradora, nada na sua configuração única como homem, na sua pele, nos seus poros, nas suas patilhas, nos seus dentes, nas suas mãos, no seu nariz, nas suas orelhas, nos seus lábios, na sua língua, nos seus pés, nos seus testículos, nas suas veias, no seu pénis, nas suas axilas, no seu rabo, no emaranhado dos seus pêlos púbicos, no cabelo da sua cabeça, na penugem do seu corpo, nada na sua maneira de rir, dormir, respirar, nada nos seus gestos, no seu odor, no modo como estremecia convulsivamente quando se vinha que ela não tivesse registado. E recordado. E reflectido sobre.
A causa disso era o acto em si, a sua intimidade absoluta quando não só estamos dentro do corpo da outra pessoa como ela nos envolve estreitamente? Ou era a nudez física? Tiramos a nossa roupa e deitamo-nos na cama com alguém, e é na verdade aí que vai ser descoberto o que quer que escondamos, a nossa particularidade, seja ela qual for e seja como for que esteja codificada, e é aí também que está a origem da timidez e o que toda a gente receia. Quanto de mim está a ser descoberto nesse louco lugar anárquico? Agora sei quem és.
Philip Roth

domingo, 8 de novembro de 2009

soul*body*soul*


quando aqui não estás.



quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se a morrer

a janela que abre para o mar
continua fechada

só nos sonhos me ergo

abro-a

deixo a frescura e a força da manhã
escorrerem pelos dedos prisioneiros
da tristeza

acordo para a cegante claridade das ondas

um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz

quero morrer
com uma overdose de beleza

e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse solitário caçador
Al Berto

terça-feira, 3 de novembro de 2009

he.



Ain't no sunshine when he's gone.
It's not warm when he's away.
Ain't no sunshine when he's gone.
And he's always gone too long.
Anytime he goes away.
"Só em ti penso!"