sexta-feira, 12 de junho de 2009

hoje fiquei...

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...assim...
...sem palavras.
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E que outra forma poderá ser melhor?
Não sentir...
Sentir tudo de uma vez e esgotar a pele e as terminações nervosas...
Saturar a alma de sentidos...
Sentir por partes...
Sentir com a polpa dos dedos, com a ponta da língua...
Envolver cada papila gustativa, uma a uma...
E depois exercitar o não sentir,
O sentimento de quem não quer,
Que na verdade é o de não o ter.
Paixão...
Apanhou-me susceptível.
Indefesa...
Frágil e com os cacos colados à pressa...
E senti completamente.
Senti tudo.
Um dilúvio de sonhos, ideias, afectos.
E penso vagamente
Como os teus olhos um dia me obrigaram a aprender.
Troquei o mais ou menos por um às vezes
Troquei o talvez por mãos dadas.
O momento é agora.
Amanhã será agora
E ontem também.
Mas vou repetir com os olhos fechados.
Sentir mais uma vez.
"Ensinaste-me a sentir e agora sinto mais do que penso."
"Tenho o prazer dos olhos fechados."
A sensação que dilata o olhar e então eu fecho os olhos.
Fecho muitas vezes.
Durante dias, semanas, músicas, frases, pessoas.
Fecho de novo e o tempo deixa de o ser e transforma-se em lugares de estacionamento de histórias que posso mudar e viver.
Basta fechar os olhos.
Os olhos fechados não são apenas olhos fechados.
Dão-me muito prazer.
Como se de cada vez que fecho os olhos as tuas mãos me tocassem.
E tudo fica bem.
E sinto mais uma vez.
Fecho os olhos...
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"Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade em todos os momentos,
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo."
Álvaro de Campos
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