sexta-feira, 29 de maio de 2009

shoot me now.

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Moras num 1ºandar, adormeces no sofá às 3 da manhã e acordas às 5h com os berros de uma criança (monstra) a fazer birra no andar de baixo.
Pensas "Por favor, alguém cale esta criança ou um dia destes passo-lhe com o carro por cima e não paro!" e ao choro dela sobrepõem-se os gritos do pai e os "Já estou farta disto!" da mãe.
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Todos os dias a mesma coisa. Todos os dias a mesma conversa. Todos os dias a mesma gritaria. Todas as noites resmungas sozinho e a almofada é que paga. Todos os dias odeias um bocadinho mais aquela família disfuncional e aquele bicho pequeno que se equilibra em duas patas e solta decibéis e decibéis de grunhidos pidescos e irritantes.
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Uma sirene a avisar que é hora certa... 6h. A sirene cala-se, a criança não e passa o comboio.
O bicho sossega e o cão do vizinho começa a ladrar e isso faz-te desejar ter um médico amigo que te prescreva aqueles comprimidos milagrosos que tanto criticas.
O cão cala-se e tu estás quase a adormecer e a vizinha de cima (já de idade e com problemas próprios do tempo) resolve arrumar, fazer as camas e subir e descer as escadas 1000 vezes antes de sair de casa mas tudo de saltos altos. E pensas "E as dores de coluna? Não tem varizes? Não devia usar sapatos confortáveis? Como é que consegue? Grande p*rca!".
Toc toc toc e viras-te mais uma vez. Toc toc toc e amaldiçoa-la entredentes. Toc toc toc e já estás de pé. Toc toc toc e preocuras a vassoura. Toc toc toc e nem te preocupas com as figurinhas tristes que fazes ao tentar bater com o cabo da vassoura no tecto para a dita senhora (para mim não o é!) se assustar, cair, partir um pé e ficar de cama um mês. E mesmo que ande de muletas não fazem tanto barulho porque te lembras que normalmente têm aquelas borrachinhas no fundo.
Ela sai e viras-te mais uma vez no sofá. O sono regressa e algures, no apartamento ao lado do teu, ouves ressonar, não muito alto mas já tudo te incomoda. Almofada sobre a cabeça e melhora mas ainda não chega. Murros na parede e um sorriso. Silêncio...
Sono de novo e recebes uma mensagem. Lês, porque não consegues evitar, vês as horas e sabes que já não dá para dormir. São horas de irem para o trabalho, para a faculdade, para a rua. São horas de barulho...
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Ligas a televisão e deixas-te ficar enroscado no sofá, porque mesmo não conseguindo dormir também não te apetece sair... E fechas os olhos de novo... para apreciar os primeiros e últimos segundos de silêncio.
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