Para o governo, sou números. Para a justiça, impressões. No estado civil, solteira. Na profissão, dentista. E com uma máquina na mão, sou fotógrafa. Dos livros, sou leitora. De crónicas, escritora. No blog, sou palavras, sou asneiras. No álbum, sou fotos. E na parede, sou quadros. Na balança sou quilos, ora mais ora menos. E na altura, centímetros, menos do que deveria. Para os médicos, sou saudável. Para o dentista, sou colega. Na costureira, sou medidas. Na manicure, sou unhas mas poucas. E no cabeleireiro, sou fios. Na janela, sou vizinha. E cozinheira, na cozinha. Na padaria, sou cliente. Na imprensa sou figurante, mas também posso ser notícia. Na discussão, sou réplica. E quanto ao poder? Sou oposição. Na noite, sou companhia. E para beber? Água. Nas férias, turista. E no estádio, portista. Sou também motorista, quanto estou ao volante. E no banco de trás, sou enjoada. Sou transeunte, ciclista e passageiro. Para alguns sou sonho, para outros, pesadelo. Para a família, sou filha, irmã, neta, sobrinha, prima e amiga. Para os amigos, sou um ombro e uma boa companhia. Para os amores, sou beijos e desejos. E no aperto, sou fé. Para o futuro, sou jovem. Para a vida, sou história. Para mim, sou um mistério. E quase sempre, sou sorrisos. Quem eu sou, depende de quem são os outros. Quem és tu?
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