quinta-feira, 11 de junho de 2009

são momentos breves.

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Quero agarrar tudo ao mesmo tempo. Quero ter tudo nas minhas mãos e brincar e jogar e inflamar um coração. Quero tanto as coisas que não sei comportar-me nem sei o que me faz falta. Quero desfazer-me em prazer, entupir os meus sentidos com os outros para disfarçar a tua ausência. Para fingir que nem me importo e nem sofro com nada. Sou intocável às vezes. Omnisciente. Quero chegar lá hoje. Ou queria estar lá já. Enfiava-me pelas ruas que já conheço tão bem e perdia-me debaixo das nuvens. Queria tanto poder sentar-me num comboio, cheio de bicicletas e gente apressada e gente que também sente que tem de deixar muito para trás para alçançar tudo. Sentava-me no passeio, pedia aquela música à minha memória e não uma imitação barata e escolhia a mesa junto à lareira, só porque assim era mais fácil não ver o tempo passar. Fechava os olhos e deixava-me estar, a pensar como um dia aquilo também podia ser meu. Podia enfiar a cabeça no teu regaço e lavar a minha alma, expulsar o desasossego e espalhar a dor pela água da chuva. Podia estar lá, a pensar como já lá tinha sonhado mas que ainda vou deitar muitas vezes a cabeça debaixo daquele céu. Desligava a cabeça das vidas à minha volta, perdia-me mais dentro de mim e era só eu, entregue à minha vontade, como nunca pensei que poderia ser. Queria que fosse hoje mas talvez consiga dormir até chegar lá. São momentos breves.
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